domingo, 19 de junho de 2011

RENDA


Eu havia lido em algum lugar sobre a tua presença e dessa vez não era Caetano.

Era tanta luz. Lembro de ter visto o teu corpo em movimento abraçado com o tempo, e passou. A dança e você se confundindo todo o tempo, a cadência pesada do teu peito. Meu peito tão cheio de coisa pra te dizer, com pontos e vírgulas e muitas interrogações e a boca, sem domínio não disse nada. Alguma voz gritava sobre a noite, estranha, sobre todos os sentimentos que rodeavam aquele espaço de no máximo cem metros quadrados, tantos rostos cansados, tantos peitos em prantos.E todas as palavras não ditas ecoavam de um modo a se confundir com a música que dizia: "pra quê tanta dor?". E você, parado, em meio a tantas saias de renda que se despiam no rodar.


e naquela noite a tua presença ficou marcada, como renda, em mim.