terça-feira, 28 de agosto de 2012

tenho medo
dos meus medos
tenho medo
da moça
que ainda te espera na janela
e do teu cantar alegre
a ela
do teu não-dizer
do teu possível não querer
de fechar os olhos
e não te ter aqui.

tempo, tempo, tempo, tempo

preciso te falar
de tudo
um tanto
do tanto
um pouco
do céu
que se transformou
desde que você chegou
aqui
da minha boca
onde mora a sede
da tua
da minha pele
sedenta 
dos teus afagos
dos meus olhos
tristes 
quando longe da tua imagem
do meu peito
pulsando gritando
te chamando
e do tempo.
do tempo
dilatado
suave leve neve
nave ave
que voa
do tempo lento
rebento
isento
das horas tortas
do tempo 
pensamento-sentimento
do tempo
da vontade de amar
que não passa
desse tempo que não passa
desse tempo
que é só nosso
desse tempo que 
sangra
quando tem de estar
no tempo do mundo
desse tempo que nunca
é suficiente
que muito é tão pouco
que pouco é um pouco demais
desse tempo
todo 
desse tempo
incontável
inimaginável
inestimável
que quero passar
junto a ti.