sábado, 29 de setembro de 2012

Prazer e poesia


"Alguma coisa em nossa transa
é quase luz forte demais
parece pôr tudo à prova
 parece fogo, parece
parece paz, 
parece paz."
(Caetano - Fora da Ordem)


Escrever embriagada pelo teu corpo, é um exercício arriscado. Arriscado porque as palavras saem todas bêbadas de um desejo cego, que tem morado em mim desde que você chegou. Se alimenta do nosso amor que só cresce e cresce junto com ele. Se alimenta da vontade do toque, do cheiro, do beijo, da língua.
O nosso corpo-cego no escuro se arrisca, se lança, se encontra, se encaixa. O nosso corpo-desejo se despe das roupas e se veste de vontade. O nosso corpo-palavra escreve em si todo o apelo que vem lá do peito, e às vezes não dá conta de juntar sílabas, apenas geme. O nosso corpo-olhar fita todos os gestos, todos os traços modificados pelo prazer. O nosso corpo-dança, reinventa os movimentos, revira, mistura, mexe.
Porque nada é mais forte. Nem a morte, nem o tempo, nem um forte. Nada é mais forte. Nada é mais intenso tal e qual, nada é tão bonito quanto, nada é tão bom que supere, nada como a nossa transa. Nada como toda a poesia que se lança do prazer dos nossos corpos sendo um.