terça-feira, 30 de outubro de 2012

Turbilhão


Parte I



No turbilhão
que vai a vida
arrastando
torrentes e nuvens
solos secos
gargantas amargas
talvez hoje,
só encontre
a calma
no perigo
latente da caneta
no grito que ecoa
do peito
e rasga a face
na noite que me abraça com
sua nudez e
na transfiguração do meu ser 
com o
teu beijo

 Parte II

No turbilhão
que revira
os corpos
e os enlaça
que desnuda
os segredos
e os sopra
lentamente
aos ouvidos
atentos
talvez pudera
a calma
pousar
sob o momento
suspenso
em que
mulheres
de almas noturnas
se olham
e se lêem.

-

Poesia feita em conjunto. A parte I foi escrita por um beija flor e a segunda por mim.

domingo, 28 de outubro de 2012

Teu corpo

Passeia pela minha pele
o desejo da tua
mora da minha língua
a vontade
de fazer de teu corpo
meus caminhos
de viver
a sentir
o gosto teu

teus seios
representação real
da beleza
morada do delicado
e da força tua

tua boca de fruta
onde pouso
sem querer
voar novamente

teus olhos
que embalam
e 'alumeiam'
as escolhas do teu corpo

e as tuas pernas
ah, as tuas pernas!
abrigam segredos
que não ouso desvendar
e cada dia mais
tento mergulhar
tuas pernas
me contam histórias
sussurram vontades
cochicham desejos
que também são meus
e ao abrí-las
me deparo
e adentro
no mundo
mais belo
e de sabor
tão intenso
quanto o desejo
que tenho de morar lá.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Desanuvio

"Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do
Corpo num turbilhão?"
(O sopro do coração - Clã)



tu és desanuvio em mim.
te digo isso porque ventas em mim, me espalha até que eu me dissolva. e quando me dissolves e me faz outra. tantas. por aí. por aqui. e em nós.
me enches de um sopro quem vem do teu coração. ares de amor. ares serenos.
desanuvio.

domingo, 21 de outubro de 2012

Outras

"Que ao mesmo tempo que machuca o tempo, o tempo flui"

Toda a dor que se aloja em tu agora, me dói também. O medo do devir, o relógio que não espera o tempo, o tempo que mesmo machucado flui. E só me dói, arde, incomoda, porque nós somos.

E é bem por isso quero que agarre no que ainda falta, de mim, e sigamos. Quero que acredite num outro fogo do sol, que não o de ontem. Na possibilidade de vermos uma outra face da lua. No surgimento de veredas pelo caminho. Na aparição de outras cores pra pintar os dias. No dia em que nossas lágrimas serão apenas de alegria.

Quero que acredite, comigo, em outras possibilidades de sermos duas e sermos muitas.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Olhos de maré

Quando teu corpo
cala
teus olhos
falam.

Com olhos
de maré
as palavras saem
ressacadas
e chego a não entender

Suspeito ser as poucas estrelas
no céu
que te faltaram
Ou até o som do mundo
imundo que te sujou
Mas não

Teus olhos de maré
Falam maresia
Movimentam-se
com o movimento dos barcos
Ressacam
E banham segredos.



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Poema ligeiro

mar
teu ar
é maresia

madrugada
tua noite
é dia

lua
tua rua
é nua

amor
minha vida
é tua

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quem casa, é casa


Hoje bateu uma vontade de casa.

Não me refiro à casa espaço físico e arquitetônico. Me refiro às pessoas que fazemos de casa. Hoje você é minha casa.
E talvez pela chuva,  pelos ares de perda que rondam todo esse espaço que me encontro agora, bateu uma vontade imensa de você. Minha casa, minha asa, minha brasa.

Posso não morar em lugar nenhum, desde que esteja em minha casa. Posso não me sentir parte, posso não ser rua, bairro, cidade, estado. Desde que cresça como raízes dentro da minha casa.
Dizem que "quem casa quer casa", mas diria melhor "quem casa, é casa". Quero que sejamos casa.




terça-feira, 9 de outubro de 2012

Corpolhar





sem jurar prometer provar
basta pestanejar
e tudo é dito
num corpolhar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cores de Outubro


Vinde vinde mês de amor! Mês de amores...
Vinde vindes, vênus nos dias, nas horas, nas cores. Vinde o amor nos rostos, nos corpos, sem dores.
Vinde Outubro, com seus-meus 'outs' eu me descubro.


sábado, 29 de setembro de 2012

Prazer e poesia


"Alguma coisa em nossa transa
é quase luz forte demais
parece pôr tudo à prova
 parece fogo, parece
parece paz, 
parece paz."
(Caetano - Fora da Ordem)


Escrever embriagada pelo teu corpo, é um exercício arriscado. Arriscado porque as palavras saem todas bêbadas de um desejo cego, que tem morado em mim desde que você chegou. Se alimenta do nosso amor que só cresce e cresce junto com ele. Se alimenta da vontade do toque, do cheiro, do beijo, da língua.
O nosso corpo-cego no escuro se arrisca, se lança, se encontra, se encaixa. O nosso corpo-desejo se despe das roupas e se veste de vontade. O nosso corpo-palavra escreve em si todo o apelo que vem lá do peito, e às vezes não dá conta de juntar sílabas, apenas geme. O nosso corpo-olhar fita todos os gestos, todos os traços modificados pelo prazer. O nosso corpo-dança, reinventa os movimentos, revira, mistura, mexe.
Porque nada é mais forte. Nem a morte, nem o tempo, nem um forte. Nada é mais forte. Nada é mais intenso tal e qual, nada é tão bonito quanto, nada é tão bom que supere, nada como a nossa transa. Nada como toda a poesia que se lança do prazer dos nossos corpos sendo um.





terça-feira, 28 de agosto de 2012

tenho medo
dos meus medos
tenho medo
da moça
que ainda te espera na janela
e do teu cantar alegre
a ela
do teu não-dizer
do teu possível não querer
de fechar os olhos
e não te ter aqui.

tempo, tempo, tempo, tempo

preciso te falar
de tudo
um tanto
do tanto
um pouco
do céu
que se transformou
desde que você chegou
aqui
da minha boca
onde mora a sede
da tua
da minha pele
sedenta 
dos teus afagos
dos meus olhos
tristes 
quando longe da tua imagem
do meu peito
pulsando gritando
te chamando
e do tempo.
do tempo
dilatado
suave leve neve
nave ave
que voa
do tempo lento
rebento
isento
das horas tortas
do tempo 
pensamento-sentimento
do tempo
da vontade de amar
que não passa
desse tempo que não passa
desse tempo
que é só nosso
desse tempo que 
sangra
quando tem de estar
no tempo do mundo
desse tempo que nunca
é suficiente
que muito é tão pouco
que pouco é um pouco demais
desse tempo
todo 
desse tempo
incontável
inimaginável
inestimável
que quero passar
junto a ti.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

de versos e rimas -

Escreveste teus versos nas linhas do meu corpo. Dançaste sobre todos os papéis, cadernos, lugares que escrevi ou mencionei teu nome. Fizesse do teu corpo minha casa, minha morada.

E saí com a certeza de que a gente rima.

domingo, 25 de março de 2012

FOGO FRIO FÚRIA

Fogo I

Te ter na mente
Somente
Acende a maça

Frio I

Te ter na mente
Somente
Esfria a manhã

Fúria I

Te ter na mente
Somente
Um gato sem lã

(Dos Vulcanos de Pablo Neruda)